sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Escalpelamento o difícil recomeço

Comum entre a população ribeirinha, o Amapá e o Pará registram o maior numero de acidentes deste tipo

De 10 a 12 de outubro estivemos em visita a Belém, para conhecer de perto a realidade vivida pelas vítimas e o trabalho dos profissionais que lidam diariamente com o drama. Entre outros lugares, conhecemos o “Espaço Acolher”, local criado pela Santa Casa de Misericórdia do Pará,  para dar atendimento as acidentadas e seus familiares que as acompanham durante o período de tratamento médico.

Fomos recebidos pela assistente social Clélia Esmael que nos mostrou todo o funcionamento e a logística do local. Neste espaço, as pacientes e seus acompanhantes, recebem moradia, alimentação, tratamento médico e psicológico além de participarem de atividades sociais como passeios aulas de beleza, artesanato e outras ocupações para minimizar seu sofrimento.



Durante a visita, conversamos com duas vítimas, uma mulher de 38 anos e o pai de uma menina de oito, acidentada aos quatro anos de idade. Foi um depoimento emocionante, relatando com lágrimas toda a dor, angustia e o sofrimento causado pelo acidente, que deixa sequelas por toda a vida.

A cada dia que passa da produção do documentário, fica evidente que será um importante registro para que profissionais, vítimas, poder público e a sociedade possam mobilizar-se em uma luta que acabe para sempre com este mal conhecido como: “A tragédia Amazônica” que só neste ano, segundo informações do Espaço, já vitimou cinco pessoas.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dia Nacional de Combate aos Acidentes com Escalpelamento em Belém, PA


Neste 28 de agosto realiza-se o Dia Nacional de Combate aos acidentes com Escalpelamento. O Centro Estadual do Pará (CEPA) da Fundacentro marca presença na praça Dom Pedro, em Belém do Pará, com atividades sobre o tema

A praça Dom Pedro II, em Belém, será o cenário de várias atividades que lembrarão o Dia Nacional de Combate e Prevenção aos Acidentes com Escalpelamento, instituído por lei este ano com o propósito de conscientizar população, barqueiros e ribeirinhos sobre os riscos de acidentes em barcos da Amazônia que navegam com o eixo exposto.

A programação na praça ocorrerá das 8h às 12h, e será conduzida pela Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento.

Haverá exposição e venda de artesanato confeccionado pelas meninas e mulheres atendidas pelo Espaço Acolher, mantido pela Santa Casa.

Em paralelo, a Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos, estará orientando barqueiros e interessados sobre a proteção de eixo do motor na Feira do Açaí.

O escalpelamento acontece por conta da falta de segurança nas embarcações. O eixo que transfere a força do motor à hélice passa pelo meio da embarcação. Em vários barcos, o eixo fica exposto, sem nenhum tipo de proteção, girando a uma velocidade de 2.500 rotações por minuto.

Os cabelos de meninas e mulheres, que são compridos, enroscam-se no eixo, que pode arrancar o couro cabeludo, orelhas e parte da pele do rosto. Algumas ocorrências evoluem a óbito.

O Dia Nacional de Combate e Prevenção aos Acidentes com Escalpelamento, marcado a partir deste ano para 28 de agosto, exerce maior apelo na região Amazônica, que registra em média 80 dos casos de acidente, que afeta principalmente mulheres e meninas adeptas dos cabelos compridos. Há registros de casos de homens e meninos que sofrem mutilações genitálias.

As estatísticas no Pará revelam que 245 vítimas por escalpelamento, no período de 1982 a 2010, são oriundas dos municípios do Marajó, da região Metropolitana, região Nordeste, região do Baixo Tocantins e Tapajós. Dados demonstram que houve oscilação na redução de número de casos nos últimos 10 anos.

Neste sábado, participarão das atividades integrantes da Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento, formada pela Secretária de Estado de Saúde Pública (Sespa), Câmara Setorial de Políticas Sociais da Secretaria de Governo (Segov), Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social (Sedes).

Participam também a Defensoria Pública da União (DPU/Belém), Ministério Público Estadual (MPE), Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará (Arcon), Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), Sindicato do Médicos do Estado do Pará (Sindimepa), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Sociedade Paraense de Pediatria (Sopape), Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSMPA) e Marinha do Brasil (CPAOR).

Assessoria de Comunicação Social
Fundacentro - CEPA

sábado, 14 de agosto de 2010

O que é e como acontece o escalpelamento

Nos rios Amazônicos, onde pequenas embarcações são o principal meio de transporte e sobrevivência acontece um acidente, o escalpelamento. Suas principais vítimas são mulheres e crianças que têm o couro cabeludo arrancado bruscamente de forma parcial ou total pelo eixo do motor que atravessa o barco.

Uma forte rotação do motor enrola os cabelos em torno do eixo arrancando todo ou parte do escalpo, orelhas, sobrancelhas, uma enorme parte da pele do rosto e do pescoço

Este tipo de acidente ocorre em embarcações precárias onde não existe nenhum dispositivo de proteção do eixo dos motores e das hélices. Assim, quando a vítima se aproxima do motor ou das hélices do barco, têm seus cabelos repentinamente puxados pelo eixo. Isso leva à deformações graves, traumas psicológicos e até a morte.

Queremos mostrar além das ações já existentes, como o projeto lei 1.531/2007, já aprovado na Câmara e em tramitação no Senado Federal, que obriga instalar a proteção sobre o eixo e o motor das embarcações em todo o território nacional para evitar o escalpelamento, pesquisar como é a reintegração social dessas vítimas: relações pessoais, familiares, amorosas. No caso das crianças como elas lidam com o problema e como outras crianças reagem diante deste acontecimento. As medidas de prevenção que os usuários deste meio de transporte estão fazendo para evitar este tipo de acidente.

Será feito um documentário em campo na região norte (Belém/PA e ou Amapá), onde ocorrem esses acidentes junto à população ribeirinha, com entrevistas e relatos das vitimas e dos profissionais e personagens envolvidos com esse acidente. E o que está sendo feito pelas autoridades para evitar e minimizar este mal.

Trabalhos a serem realizas a partir do segundo semestre de 2010, pois os locais e profissionais ainda estão sendo marcados.

Pesquisa será feita inloco e por profissionais que atuam diretamente a esta temática (entrevistas), internet e estudos publicados.